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Qual é a sua faixa etária? 20 anos? 30? 40? 50? 60? 70? Pois saiba que sempre é tempo para ter seu envelhecimento saudável. E quanto mais cedo você pensar nesse assunto, maiores serão as chances de chegar muito bem à idade avançada, com saúde e disposição de sobra. Mas como pode ser essa preparação? Foi esse o tema da entrevista exclusiva do Mirante com a Dra. Fabiane Corrêa, do Hospital Sírio-Libanês, que faz parte do corpo docente da especialização em Geriatria da instituição. Acompanhe e veja como ajudar – e muito! – você mesmo amanhã: Como se define o envelhecimento?Há duas possibilidades de definição. Uma é relativa à idade: consideramos idosas as pessoas acima de 60 anos e grande idoso quem tem mais de 80 anos. Com o aumento da longevidade, falamos hoje em quarta idade que começaria depois dos 80. Outra definição tem a ver com o envelhecimento bem-sucedido e ele não é medido em números, mas na disposição de se manter ativo, funcional e sem grandes problemas de saúde. A correlação que fazemos é que uma pessoa de 60 anos atualmente é comparável a uma de 35, 40 anos no século passado. |
Na foto: Dra. Fabiane Corrêa, do Hospital Sírio-Libanês
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O grande salto se deu em função do maior acesso ao saneamento básico e às estruturas de saúde e educação. Especificamente na área de saúde, acumulamos recursos, tecnologias, pesquisas e conhecimentos que nos permitiram eliminar ou, pelo menos, controlar doenças que limitavam muito a sobrevida, principalmente as infectocontagiosas.
Hoje, nosso grande problema são as doenças cardiovasculares, neurodegenerativas (como Alzheimer e Parkinson) e oncológicas que, apesar de poderem atingir pessoas mais jovens, são mais típicas do envelhecimento.
Infelizmente ainda não temos um pensamento preventivo muito disseminado. A postura geral, aqui no Brasil, ainda é de tratar as doenças depois que elas surgem. E poderíamos viver muito mais e melhor, pensando em prevenção desde cedo. Estimamos que, pelo menos, 70% das doenças degenerativas podem ter algum grau de prevenção se a pessoa tiver hábitos saudáveis desde sempre.
Além dos cuidados com o corpo e a alimentação, os estudos mostram que o envelhecimento bem-sucedido está diretamente relacionado à manutenção de interações sociais e ao aprendizado contínuo. Antigamente, uma pessoa trabalhava, se aposentava e, a partir daí, ficava mais limitada ao ambiente doméstico.
Hoje, os idosos estão descobrindo que podem voltar ao mercado de trabalho ou continuar em suas atividades profissionais pelo tempo que quiserem. Os novos desafios também são importantes: se aos 60 anos, você começa um curso, uma faculdade, um idioma, passa a viajar ou praticar um esporte diferente, estará em contato com grandes estímulos neurológicos.
Com certeza! Quando são jovens, as pessoas pensam pouco a respeito de como seus atos e escolhas vão repercutir lá na frente. Mas, como já disse, o fato é que muito do que vai ocorrer durante o envelhecimento está altamente ligado aos nossos hábitos ao longo de toda a vida.
Se você pratica esporte ou possui uma atividade física regular, tem uma alimentação saudável, não fuma, tem um convívio social enriquecedor e valoriza o aprendizado provavelmente terá um envelhecimento bem-sucedido. O organismo humano se desenvolve de forma plena até os 30, 35 anos de idade. Quem chega a essa faixa etária com esses cuidados está partindo de um patamar bastante positivo e terá uma queda de funcionamento do organismo bem mais lenta do que alguém com maus hábitos.
No Brasil, temos um consumo exagerado de açúcar, sal e carboidratos. Come-se muito pão, massa, doce, bolo, bolacha e outros alimentos que, em grandes quantidades, não são benéficos. Em termos de sociedade, infelizmente, estamos percorrendo um caminho muito parecido com o dos norte-americanos. Nossa população tem se tornado obesa e sedentária. Mas atenção: ser magro não é garantia de saúde. A boa alimentação deve ser baseada em vegetais, grãos, frutas e opções mais integrais.
As pesquisas indicam que mais de 50% dos brasileiros são sedentários. A recomendação atual é de 30 minutos de atividade física aeróbica (caminhada, bicicleta ou esteira, por exemplo) 5 vezes por semana, somada a algum tipo de reforço muscular e exercícios de equilíbrio como ioga e pilates.
Aí as pessoas dizem que não têm tempo para isso tudo e não fazem nada. Absolutamente nada! Nem sequer ir a pé até a padaria ou subir alguns lances de escada. Que tal deixar o carro em casa de vez em quando e caminhar ou utilizar o transporte público? Só com esses hábitos, o cenário já é outro!
Sim, porque aí conseguimos cumprir o compromisso. Eu, por exemplo, não conseguia manter a regularidade na academia e parei de usar o carro há quatro meses. Garanto que é bem mais fácil do que parece. Ando a pé e uso transporte público. O grande problema é que criamos o hábito de não ter nenhuma atividade física!
Com o condicionamento físico, diminuímos o risco de hipertensão, diabetes, obesidade e problemas osteomusculares (como artrose, hérnia de disco, dor lombar crônica) que são as patologias mais limitadoras na sociedade brasileira. Reduzimos também os riscos de osteoporose, com perdas ósseas mais acentuadas. Tudo isso leva a um envelhecimento bem mais saudável.
Em geral, as pessoas começam a ir ao geriatra quando já têm tantos problemas de saúde que acaba sendo necessário o encaminhamento a muitos especialistas para tentar “arrumar a casa”. Na verdade, a gestão da saúde tem que ser feita desde sempre e o geriatra é um médico clínico com o qual podemos contar ao longo de todo esse processo. Ele está familiarizado com diversos conceitos em termos de saúde global, podendo orientar as análises, atitudes e cuidados ideais a cada faixa etária. Ou seja, o geriatra não é um “médico de idosos” ou um especialista em doenças específicas, ele cuida do paciente como um todo.
Não existe uma idade mínima. Costumamos dizer que o ideal é iniciar o acompanhamento com um bom médico clínico assim que deixamos de ir ao pediatra. E o geriatra se enquadra nessa definição, desenvolvendo um importante histórico da saúde de seus pacientes por anos a fio. Uma boa faixa etária para começar esse acompanhamento, com foco na prevenção, é por volta dos 20, 30 anos (veja, a seguir, os principais cuidados recomendados para cada faixa etária).
Os cuidados em cada faixa etária“De modo geral, as orientações acabam sendo muito parecidas. Elas englobam sobretudo bons hábitos como relacionamentos sociais saudáveis, alimentação balanceada e atividade física regular. Isso não se altera nas diferentes faixas etárias, o que muda é o foco específico em cada período de vida”, explica a Dra. Fabiane Corrêa. Aos 20 anos – “O jovem começa a frequentar a faculdade e passa a ter mais acesso, por exemplo, ao álcool e às drogas. É também maior o risco do tabagismo e da má alimentação. Deve ser, portanto, o momento de fugir dos excessos e da dependência química. O foco precisa estar no desenvolvimento de hábitos saudáveis, plantando a semente que será cultivada ao longo de toda a vida.” Dos 30 aos 50 anos – “Estamos em pleno desenvolvimento da carreira profissional e é necessária atenção para o equilíbrio entre trabalho, lazer, família, atividades físicas e relações sociais. O sono pode ser muito prejudicado, levando a um estado de estresse que facilita o surgimento de doenças como hipertensão e cardiopatias, por exemplo.” Aos 60 anos – “A prevenção deve ser reforçada para o diagnóstico precoce de enfermidades como câncer de cólon, próstata e mama, pois o envelhecimento aumenta a incidência de doenças oncológicas. O mesmo vale para as doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson e também para as osteomusculares que não oferecem risco de vida, mas são muito limitantes.” Acima dos 70 anos – “Deve-se intensificar ainda mais o acompanhamento médico, priorizando a manutenção contínua da qualidade de vida, com equilíbrio entre os aspectos já citados e atenção especial às quedas.” |
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